terça-feira, 23 de outubro de 2018

Eleição para presidência da Câmara é prova de fogo para o próximo governo


Por Matheus Leitão
Com a proximidade do fim do segundo turno das eleições, outra disputa – um pouco mais distante dos holofotes – começa a ficar acirrada: a da presidência da Câmara dos Deputados.
Hoje, quem ocupa a cadeira é Rodrigo Maia (DEM-RJ). Se o resultado do dia 28 acompanhar as pesquisas de intenção de voto elegendo Jair Bolsonaro presidente da República, o PSL, que elegeu a segunda maior bancada da Casa (52 deputados), ganhará ainda mais força.
O comportamento do PSL durante a eleição do presidente da Câmara pode definir o rumo de um eventual governo Bolsonaro, caso as pesquisas de intenção de voto se confirmarem.
Para garantir a governabilidade, o PSL precisará construir entendimento com os partidos conservadores e que ainda têm bancadas expressivas na Câmara, como PP e PR (terceira e quarta bancadas, respectivamente), além de MDB e PSDB.
Por enquanto, o PSL ainda não afinou o discurso. Na última semana, integrantes do partido deram declarações contraditórias. No mesmo dia em que o presidente da legenda, Gustavo Bebianno, afirmou que a presidência da Câmara nas mãos do PSL é “antiestratégica”, a deputada eleita por São Paulo, Joice Hasselmann, disse considerar "muito natural que o PSL pleiteie o comando da Câmara”.
Além disso, Luciano Bivar, presidente licenciado do partido, declarou que há um "movimento" para que ele dispute ao cargo na Câmara.
Internamente, o PSL já negocia a primeira secretaria da Câmara em troca da presidência da Casa. Bolsonaro afirmou que, em seu governo, a presidência da Câmara teria de ficar com outro partido.
Para Claudia Tavares, consultora política que atende ao mercado financeiro, é no caminho do centro que está o segredo da governabilidade de qualquer governo, seja do PT ou do novato PSL.
Na avaliação dela, em um governo Bolsonaro, o PSL deve ter dificuldade nas negociações com os outros partidos, por ter muitos membros em primeiro mandato.
Segundo Claudia Tavares, a probabilidade de a legenda ganhar espaço para ficar no comando da Câmara é pequena.
De acordo com a especialista, a solução mais acertada, caso as eleições confirmem os números das pesquisas, seria manter o deputado Rodrigo Maia no cargo, que, com base no resultado de experiências do passado, argumenta, daria "tranquilidade" às votações do Congresso, após o período de estresse elevado que permeou a eleição presidencial.
“Temos uma nova configuração na Câmara, isso é certo. Porém, esse cenário que se apresenta a nós é fruto, não podemos esquecer, de disputas da extrema direita com a esquerda. E rixas assim, na política, costumam deixar marcas que não podem ser ignoradas. Vejamos, por exemplo, Eduardo Cunha, cuja oposição ferrenha ao governo de Dilma Rousseff levou a petista ao impeachment”, explica a especialista.
No mercado financeiro, é de grande relevância o resultado da eleição para presidência da Câmara. O economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, diz que a depender de quem seja eleito presidente, o mercado pode até mesmo rever o apoio ao governo – na hipótese de Bolsonaro vir a ser eleito. A principal pauta do mercado é a reforma da Previdência.
“O que o mercado está acompanhando é a agenda econômica do provável próximo presidente, com prioridade à reforma da Previdência. Agora, a grande questão é a capacidade de implementação do novo governo, que, para nós, hoje, é uma página em branco, porque não sabemos como serão organizadas as forças na Câmara e no Senado e como será feita a negociação com os parlamentares sem ‘o toma lá da cá’", afirma.
Alguns sinais serão observados, segundo ele, para entender se o governo está caminhando na direção certa ou não. Nesse aspecto, a eleição para presidência da Câmara é o mais importante indicador.
“Se o partido do governo promover um confronto com o Centrão, que provavelmente vai ter maioria para eleger seu presidente, seria um indicador ruim para o mercado, porque o governo já sairia perdendo logo de cara, na primeira votação”, avalia Weeks.
Outros nomes também se apresentam ao comando da Câmara que é posto-chave para a linha de sucessão da Presidência da República.
Um deles é o jovem Kim Kataguiri (DEM-SP), que reivindicou para si o direito de concorrer ao cargo. Além dele, Eduardo Bolsonaro, também do PSL e filho de Jair Bolsonaro, chegou a ser citado para ocupar o mais alto posto da Câmara

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