A decisão do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) de manter a sua pré-candidatura à Presidência da República, reforçada por ele em várias entrevistas, poderá encontrar obstáculos no seu partido. O PSB enfrenta dificuldade para conquistar apoio de partidos do bloco aliado ao governo para sustentar uma candidatura própria. Sozinho na disputa, sem outras siglas aliadas, Ciro teria, em um cálculo preliminar, apenas 1 minuto e 11 segundos no horário eleitoral gratuito, enquanto PT e PMDB, juntos, chegam a quase 6 minutos.
O maior empecilho no caminho do PSB é o fato de estarem avançadas as articulações dos partidos aliados com o PT, restando pouco espaço de manobra para discutir apoio a Ciro. De acordo com o senador Renato Casagrande (PSB-ES), PCdoB e PDT já foram procurados pelo partido. “Mas já estão em negociação avançada com o PT”, admite. O PP e o PTB também foram procurados. “Mas não tivemos resposta ainda. A conversa ainda está no início”, relatou, em entrevista à Agência Estado.
O que também pesa contra Ciro na hora de costurar alianças com outros partidos é a indefinição na relação do PSB com o PT. Esses dois partidos ainda não chegaram a uma conclusão se uma eventual candidatura de Ciro à Presidência ajuda ou atrapalha o desempenho da pré-candidata petista Dilma Rousseff. Os outros partidos temem avançar na costura de alianças com um pré-candidato que pode não se confirmar candidato.
O presidente Lula pressiona Ciro a deixar a corrida pela Presidência porque, segundo avaliação do PT, uma candidatura única da base aliada fortaleceria Dilma e abriria espaço para um debate polarizado com o PSDB e o pré-candidato tucano, o governador de São Paulo, José Serra. Em entrevista publicada ontem no jornal “O Estado de S.Paulo”, o próprio Ciro Gomes afirmou, porém, que o presidente comete “grave erro” quando avalia que sua desistência beneficiaria Dilma.
A tese é compartilhada pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Segundo ele, os eleitores do presidente Lula já devem ter assimilado o fato de que a escolhida para sucedê-lo é Dilma, e não Ciro. “Os votos do Ciro já foram para Dilma. Os que ele ainda tem vão para o Serra”, afirma o tucano. FP,04/02/10
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