É aparentando serenidade que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) vai conduzindo o barco até o dia 30 quando já prometeu anunciar se será ou não candidato ao Governo do Estado. A amigos revelou, na sexta-feira: “A gente tem que resolver sem se angustiar”. Até o ultimato, são cinco dias. “Muito tempo na política, muita coisa pode acontecer”, observou o ex-governador a um aliado. Distante do clima de angústia que muitos apostam estar tomando a oposição de assalto, o senador passou a manhã da sexta-feira lendo em seu escritório Debate. Aproveitou para se atualizar com as notícias jornalísticas, almoçou com amigos e seguiu para reunião familiar à tarde. Desde a última quarta-feira, não arredou o pé do Recife. Não voltou a Brasília para a posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, como se cogitou.
O que tinha de resolver fora da capital pernambucana, na última semana, sanou. Foi visto, inclusive, num vôo de São Paulo para Recife, depois de ter deixado Brasília na terça-feira. Aliados tiveram o cuidado de dizer que a referida aeronave partira de Brasília, implicitamente, no intuito de afastar a ideia de que o ex-governador teria ido acertar os ponteiros com o presidenciável José Serra (PSDB). Estava nas mãos do tucano o rumo que o senador tomaria.
Embora não dê demonstrações, Jarbas, esta semana, teria dado um salto nas articulações no plano nacional para a etapa de contato com aliados locais. Estaria conferindo o sentimento de amigos pernambucanos. Tudo em sigilo. As conversas estariam ocorrendo desde o meio da semana que se encerra, mas ninguém está autorizado a comentá-las.
Entre os aliancistas, persiste a interrogação. Não há definição é o que respondem os oposicionistas quando questionados. Parte deles, não esconde o incômodo da espera, outra metade optou por rir da indefinição. Há costuras desencadeadas em Pernambuco? “Não. Há suturas”, brinca o deputado federal Raul Jungmann (PPS). “Este maracatu está mal ensaiado”, resume, em seguida, em tom de riso. Prevalece o clima de que o que não tem remédio remediado está.
Em ligações telefônicas, uns tacham os outros de “oráculo de Delfos” na pressão psicológica por sacar alguma informação adicional. Jarbas não disse que não era candidato até agora. Há o consenso de que o ingrediente responsável pelo “sim” seria uma confirmação do senador Sérgio Guerra na chapa. Não precisava nem ser como candidato à reeleição, poderia ser até na vaga de vice.
“Ele teria como conciliar (a vice) com a coordenação da campanha presidencial. Se não estiver na chapa, quem garante que os prefeitos do PSDB todos, boa parte ligada ao Palácio do Campo das Princesas, vai votar, inclusive em José Serra (presidenciável do PSDB)? São cinco votos. Vão concentrar todos em governistas e separar um para Serra? Quem garante?”, questiona um jarbista.
Senador
Do outro lado da história, o senador Sérgio Guerra nunca disse publicamente que trocaria a disputa do Senado pela Câmara Federal. Mesmo assim, até tucanos deixam correr solto nos bastidores as chances de isso ocorrer. Da cozinha de Jarbas não se condena o receio do presidente do PSDB de enfrentar uma dura disputa pelo Senado, mas se reconhece que um desvio de rota do dirigente tucano diminuiria a probabilidade de Jarbas encarar, em condições consideradas já desfavoráveis, um adversário emblemático - o governador Eduardo Campos (PSB).
A delonga também ganha outra explicação, ungida por governistas: Jarbas representaria o anti-Lula de que Serra não precisaria agora, uma vez que o presidente da República domina o eleitorado do Nordeste. Pessoas ligadas a Jarbas dizem que tal versão serviria até para tirar o peso das costas dele, caso Serra a acatasse.
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