quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Padre Vito Miracapillo volta ao Estado em janeiro

Paulo Augusto
No próximo dia 3 de janeiro, 31 anos e dois meses depois de ter sido expulso do País por se recusar a celebrar uma missa em homenagem ao Dia da Independência no município de Ribeirão (Mata Sul), onde era pároco, o padre italiano Vito Miracapillo estará voltando ao Brasil. Em novembro passado, o Ministério da Justiça acatou o pedido do religioso e lhe concedeu a permissão para que regresse ao País em caráter permanente. Com isso, uma das últimas vítimas da perseguição da ditadura militar poderá revalidar seu visto e tentar, junto às autoridades da Igreja Católica, voltar definitivamente à cidade brasileira que ele escolheu para viver.
Nesta sua volta a Pernambuco, Miracapillo deve permanecer por 13 dias no Estado. No período, além de resolver os trâmites burocráticos que vão garantir sua permanência em definitivo no País, quando queira, o pároco vai visitar Ribeirão e a vizinha Palmares, para participar da festa de bodas de ouro da diocese. Só não sabe ainda quando terá autorização para voltar em definitivo para o município da Mata Sul.
"A volta para trabalhar em Ribeirão é algo que ainda precisa ser decidido tanto com os bispos do Brasil quanto daqui da Itália", explicou Vito Miracapillo, em conversa por telefone com o JC. "Espero que não seja uma decisão demorada, mas sou pároco numa comunidade (na pequena cidade de Canosa, no sul da Itália) em que também realizo trabalhos sociais e é preciso esperar uma definição se serei liberado para deixar o trabalho por aqui." O religioso diz que também terá que ser definida a situação da paróquia de Ribeirão – essas conversas devem ser realizadas após sua chegada ao País.
Vito Miracapillo foi expulso do País em 31 de outubro de 1980 a pedido do então deputado estadual – e hoje prefeito de João Alfredo (Agreste) – Severino Cavalcanti, à época no PDS, que o classificou como "subversivo" por se recusar a celebrar uma missa em homenagem ao Dia de Independência. À época, o padre falou que não iria realizar a cerimônia porque o povo pobre e sofrido da região não tinha independência para comemorar. O religioso foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional e no Estatuto do Estrangeiro – promulgado poucos dias antes – e terminou expulso por um decreto assinado pelo presidente João Figueiredo.
Com a redemocratização, Miracapillo passou a tentar reaver seu visto de permanência. Em fevereiro de 1993, o presidente Itamar Franco revogou o decreto de expulsão e o padre pôde retornar ao Brasil, mas apenas com visto de turista, de três meses de permanência.

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