sábado, 16 de janeiro de 2010

Roberto Magalhães diz que Lula não é redentor do Brasil e critica o nunca antes neste país. Jarbas endossa artigo

Mais respeito à verdade

Por Roberto Magalhães, no JC de sexta-feira(15)


Com a proximidade das eleições e a inevitável polarização do debate proposto pelo governo federal, os analistas e os principais atores políticos que participarão da sucessão presidencial tentarão colocar na balança os feitos presidenciais dos períodos administrados pelo PSDB e pelo PT.

Nesse processo, serão confrontadas as gestões Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, com este segundo gozando de elevados índices de avaliação conquistados graças, em boa parte, a gestão econômica herdada de Itamar Franco e FHC.

Diante de um cenário que, na teoria, indica uma ampla vantagem na corrida sucessória, o atual presidente deverá mesmo apostar em um plebiscito, certo de que vai transformar o seu prestígio em votos para a sua candidata, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Levando-se em conta o atual panorama, os petistas centrarão seus esforços para exaltar os feitos do atual governo e provar a todo custo que todas as conquistas nada têm a ver com administrações pré-PT.

A continuidade promovida pela atual administração, por mais que tentem negá-la, foi crucial para a consolidação de conquistas fundamentais para nossa sociedade como a estabilidade econômica, os baixos índices inflacionários e o câmbio flexível.

Ou será que Lula, do alto de sua popularidade, se esqueceu da carta ao povo brasileiro? Publicada em junho de 2002, constituiu um fundamental instrumento para acenar ao mercado financeiro e investidores que não romperia com o modelo herdado.

Não é verdadeiro afirmar que antes de Lula o País sofria de um atraso e uma paralisação crônicas à espera do redentor para tocar adiante as mudanças tão necessárias, como sugeriram os programas petistas veiculados na televisão recentemente. Sobre esses filmetes petistas, o colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, alertou para o endurecimento do discurso pró-Dilma: "O PT decidiu antecipar o embate eleitoral e fez um programa tão dedicado a falar mal dos outros quanto a falar bem de si mesmo".

O pensamento de Alon Feuerwerker em sua coluna Nas entrelinhas, veiculada no Correio Braziliense, converge para o alerta de Azevedo. No artigo Getúlio vive, publicado em 4 de janeiro de 2010, Alon chama a atenção para essa polarização tucano-petista e condena o fortalecimento desse binômio que tenta tornar as gestões passadas inexistentes:"Tão aborrecido quanto suportar petistas falando mal de tucanos e vice-versa é aguentar ambos falando mal dos demais. Os números estão aí: antes de FHC, metade das casas pobres já tinham água encanada e geladeira, um terço já possuíam esgoto, quatro em cada cinco tinham luz elétrica.

"Concordo com o artigo do Alon quando ele afirma que "nem FHC nem Lula fizeram pelos direitos trabalhistas algo comparável a Getúlio Vargas", emendando: "O aporte de ambos à industrialização não chega perto do de Juscelino Kubitschek"".

Ouso complementar o articulista, lembrando que João Goulart, pressionado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e o Pacto de Unidade e Ação, criou o 13º salário para os trabalhadores urbanos, uma conquista duradoura até os dias atuais.

Em seu texto, Feuerwerker se referia à coluna de Elio Gaspari, veiculada um dia antes na Folha de S.Paulo e no Globo, que, por sua vez, abordou o estudo do professor da UFRJ Claudio Salm. O economista destrinchou os indicadores sociais brasileiros contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios nos períodos 1996-2002 e 2002-2008, justamente nas gestões tucana e petista, respectivamente.

Tamanha foi a repercussão, que a Folha de S.Paulo destacou em sua edição de 11 de janeiro uma entrevista com o professor Salm. Nela, o economista ressalta a interdependência das gestões Lula e FHC:"Quanto à política social, é só conferir os números. O período Lula é uma continuidade do período FHC, com tudo o que tem de bom e de ruim.

Houve uma progressão contínua na qualidade de vida dos 25% de brasileiros mais pobres. Desde 1996, vários indicado-res melhoram mais ou menos no mesmo ritmo: acesso às redes de água e esgoto, coleta direta de lixo, iluminação elétrica, posse de telefone, máquina de lavar. Essa conversa de herança maldita é pura bobagem.

"Mas esse discurso de ignorar e desdenhar dos esforços, das conquistas e dos feitos passados não pode ser tolerado. Lula, um dia, fará parte do passado e, por isso, deveria conhecer a história política do Brasil e encará-la com mais respeito.»

Roberto Magalhães é deputado federal (DEM/PE)

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