domingo, 16 de maio de 2010

Líder da Oposição diz que o povo de Eduardo e Lula precisa descer do salto alto

Certezas estranhas

Por Augusto Coutinho

Há um lugar comum pra lá de intrigante rondando as eleições deste ano. Sobretudo presente no discurso dos governistas – tanto os federais quanto os estaduais. Varre as hostes situacionistas a ideia de que a eleição deste ano são favas contadas. Dilma vai ser presidente e Eduardo Campos, reeleito.

Esta ideia vem amparada por “verdades” indiscutíveis: a popularidade do Presidente e o desempenho dos candidatos nas pesquisas de opinião. Não se trata aqui de desmerecer pesquisas, longe disso. Mas acho que é preciso se ter um pouco mais de cautela.

Estamos em maio, no início do mês. A título de exemplo, se fôssemos nos fiar nos resultados preliminares das pesquisas de opinião, em maio de 2006, ninguém poderia dizer que Eduardo Campos seria governador de Pernambuco. Mas o que quero comentar não passa por questões estatísticas. Acho perigosas e contraditórias as certezas estranhas dos governistas. Mais estranho, porém, é o quanto dessas certezas contaminam também o discurso não partidário. Analistas políticos, articulistas das mais diversas tendências, enfim, não é raro se encontrar na imprensa, nos estudos e nos artigos o truísmo de que Lula é imbatível.

Por aqui, muito se tem falado de que o governador, bem avaliado, teria uma eleição fácil se Jarbas não fosse candidato e que, mesmo com o senador do PMDB na disputa, os ventos são plenamente favoráveis ao candidato-governador.

Não é preciso falar tanto de que pesquisa de opinião é o retrato de um momento e, no máximo, de uma tendência. Há, na história das eleições, muitos exemplos de viradas históricas, de tendências que se reverteram, de pesquisas que falharam, de resultados surpreendentes. Poderia elencar um sem número de casos desses aqui mesmo em Pernambuco. Mas não é isso o que quero.

A cautela de que falo aqui é com o eleitor. A ideia do super-Lula, senhor do coração e das mentes dos brasileiros, pode ser uma fantasia. Que é indiscutível a popularidade do presidente, isso é. Mas tudo o mais é conjectura. Achar que ele sozinho é capaz de vencer uma eleição, mesmo não sendo candidato, que basta o supremo-mandatário dizer “eis meu indicado” e toda uma nação enternecida e submissa o elegerá, isso é desrespeito.

O Brasil encontra-se em um momento de democracia consolidada. O eleitorado brasileiro não é, de forma alguma, uma massa facilmente manobrável. Muito menos, uma horda de fanáticos seguidores de um líder supremo. Foi esse mesmo eleitorado, por exemplo, que em três eleições seguidas preteriu Lula. De 1989 para cá, foram 5 pleitos nos quais, por motivos diferentes, o brasileiro ora optou por manter um estado de coisas, ora por mudar.

Governante bem avaliado é um bom começo, mas não é tudo. Ao contrário do que prega outro lugar-comum da política nacional, o eleitor brasileiro sabe votar. Tem opinião, tem lado, tem vontade, entende o que é bom ou não para o país. Pode ser enganado por falsas promessas, como aconteceu com o próprio Lula, que prometeu ética e, bom, a lista de escândalos do seu governo mostra que não cumpriu. Mas, saibam todos quantos se acham donos da vontade da população, não se trata nem um pouco de um eleitorado ingênuo e, por inércia, continuísta.

Se na esfera federal as coisas não são do jeito que o petismo quer dar a entender, em Pernambuco o cenário muda, e muito. Eduardo Campos, que, nem de longe, tem o mesmo “poder de fogo” do presidente, ao contrário, vive à sua sombra, faz um governo que, sim, tem acertos, mas, não, não inventou o estado em 2007. E muito menos é o único responsável pelo bom desempenho da economia estadual na última década.

É preciso se ter cuidado e respeito com o eleitor. Não tem nada certo ou definido e ninguém ganha eleição de véspera. Temos um projeto, temos uma história, temos muitos serviços prestados a Pernambuco. Serviços esses conhecidos e reconhecidos pela população. Tanto é assim, que uma das maiores sanhas do atual governo é querer se creditar de conquistas nossas.

Alto lá, companheirada, Eduardo Campos ganhou uma eleição que não esperava ganhar. O pernambucano tem memória e não tem dono. Tenho cá pra mim que o governador vai perder uma eleição que não espera perder.

Deputado Augusto Coutinho (DEM), líder da oposição na Alepe.
www.augustocoutinho.com.br
http://twitter.com/augustocmelo

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