
Arthur Virgílio disse que não iria insistir na sugestão de afastamento temporário do senador José Sarney da Presidência para que retorne depois do saneamento da instituição. Ele afirmou que a sugestão, que a seu ver garantiria a isenção na apuração das denúncias, já havia sido negada e que, portanto seria grosseria de sua parte insistir na tese. Em sua avaliação, o Senado entrou em um caminho sem volta, porque não há garantias de que não surgirão novas denúncias contra o presidente.
- Há quem possa achar natural que o presidente da principal Casa do Parlamento brasileiro fique, quase que diariamente, se explicando com notinhas telegráficas e sumárias, dando explicações a interpelações dos senadores? - indagou Arthur Virgílio. - Não se esperaria do presidente do Congresso Nacional que estivesse aqui, diariamente, a oferecer novas justificativas. E se novos ataques vierem? E se surgirem novas acusações?
Arthur Virgílio disse esperar que não surjam novas denúncias contra o senador José Sarney. A seu ver, não cabe ao presidente do Senado estar a cada dia apresentando uma nova explicação para uma nova denúncia.
- Deus permita que isso não aconteça - disse ele. - Uma denúncia atrás da outra vai criando um clima de ingovernabilidade aqui nesta Casa.
Arthur Virgílio considerou positiva a determinação do presidente José Sarney de instalar a CPI da Petrobras. Em sua opinião, a comissão vai exigir grandeza do governo para reconhecer os fatos a serem investigados. Ele disse que, se o governo tiver honestidade, saberá expelir de seu convívio as pessoas que forem apontadas à CPI da Petrobras como nocivas àquela empresa, na defesa da própria Petrobras.
Em aparte, o senador Sergio Guerra (PSDB-PE) manifestou seu apoio ao pronunciamento de Arthur Virgílio. Sérgio Guerra ressaltou que José Sarney alcançou a Presidência do Senado sem o voto do PSDB. E que, em meio à crise que atinge a instituição, perdeu o apoio do DEM - que havia defendido sua candidatura, e do PT - principal partido da base do governo, que também defendeu o afastamento de Sarney.
- O Senado está em um quadro deplorável, porque há uma perda de legitimidade - avaliou Sérgio Guerra. - Não é mais o Senado que decide se o presidente Sarney deve ficar ou não, se ele deve se licenciar ou continuar. Foi o presidente da República quem fez isso.
Sergio Guerra defendeu a investigação, pela CPI da Petrobras, dos repasses efetuados pela empresa à Fundação José Sarney, que somariam R$ 1,3 milhão. Ele disse que a empresa não pode estar fora dessa investigação porque foi ela que produziu, autorizou e distribuiu esses recursos. De outra parte, ele entende que houve um privilégio ao senador José Sarney porque, segundo disse, qualquer outra instituição teria muita dificuldade para que a Petrobras liberasse recursos dessa ordem.
Da Redação / Agência Senado
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