sexta-feira, 24 de julho de 2009

Fecha-se o cerco a José Sarney

Brasília - A revelação dos diálogos gravados pela Polícia Federal, em que José Sarney (PMDB-AP), e o filho dele, o empresário Fernando Sarney, aparecem negociando um emprego para o namorado da neta do senador, agravou a situação política do presidente da Casa, que já é alvo de quatro denúncias no Conselho de Ética. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), voltou atrás e, depois de ouvir os áudios da prática de nepotismo, decidiu apresentar a quinta denúncia contra Sarney. O líder do DEM, senador José Agripino (RN), disse que vai propor à bancada que também represente contra Sarney no Conselho de Ética, caso o presidente da Casa não apresente justificativa convincente para as conversas reveladas pelo jornal O Estado de S.Paulo."Fica evidenciada a intenção do senhor Agaciel Maia (ex-diretor geral do Senado) de patrocinar interesse privado perante a administração pública, valendo da condição de funcionário público", afirmou o líder dos tucanos. Virgílio referiu-se aos diálogos em que Sarney e o filho, Fernando, acertam a ajuda de Agaciel para nomear Henrique Bernardes, namorado da neta, Maria Beatriz, para a vaga do meio-irmão dela, Bernardo Brandão. A exoneração e a contratação foram efetivadas por meio de atos secretos. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), entende que chegou o "ponto final" de Sarney no comando do Senado. "Não tem mais como ele empurrar com a barriga, é esperar agora que reconheça isso e renuncie à presidência". Três outras denúncias apresentada pelo PSDB e uma representação do Psol já estão no Conselho, onde serão examinadas em agosto, na reabertura dos trabalhos do Congresso. Os partidos acusam Sarney de conivência com uma série de irregularidades detectadas no Senado, entre os quais está a prática dos atos secretos. Arthur Virgílio é, ainda, autor do pedido feito ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que investigue o senador Sarney pelo crime de tráfico de influência e o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia pelo crime de advocacia administrativa.O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) chegou a propor um "plebiscito" - só entre os senadores - para que os parlamentares digam quem apoia ou não a manutenção de Sarney na presidência da Casa. Mesmo no PT, enquadrado pelo presidente Lula para apoiar o senador peemedebista, a tendência de crescimento da dissidências na ala mais fiel ao Planalto foi identificada pela senadora Fátima Cleide (RO). Segundo ela, o partido não quer mudar sua posição, "mas é lógico que se houver fatos novos (contra Sarney) o quadro se agrava".Para o advogado do empresário Fernando Sarney, Eduardo Ferrão, o áudio das gravações feitas pela Polícia Federal e divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, "não revelam a prática de qualquer ato ilícito" por parte de Fernando, sua filha Maria Beatriz, e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em nota divulgada à imprensa, Ferrão diz que o inquérito policial do qual foram retirados os diálogos está sob sigilo de Justiça, e que a conversa não poderia ter sido divulgada.Planalto - Decreto assinado pelo presidente Lula e publicado ontem no Diário Oficial da União obriga os ministros de Estado e ocupantes de altos cargos comissionados a declarar, no prazo de 60 dias, se têm parentesco com alguém no Executivo Federal que ocupe cargo em comissão ou de confiança ou com estagiário, funcionário terceirizado ou consultor de organismo internacional que preste serviço para o órgão em que o agente trabalhe. As declarações serão, depois, cruzadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) com o banco de dados do Executivo na tentativa de identificar casos de nepotismo.

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