
Arthur Virgílio citou, em Plenário, reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, com a informação de que Sarney não teria declarado à Justiça Eleitoral a propriedade da casa onde mora em Brasília, no Lago Sul, avaliada em R$ 4 milhões. O Senado, observou, tem um presidente que se sustenta no cargo graças ao prestígio de Lula.
- O fato é que nós temos um Presidente que é um pato manco - disse o senador, citando expressão comum na política americana em referência à falta de força de governantes em fim de mandato.
Para Arthur Virgílio, o fato de o presidente José Sarney precisar do apoio do presidente Lula para se manter no comando da Casa representa uma "suprema humilhação". Com relação à denúncia sobre a suposta inexistência de registro da propriedade da casa na Justiça Eleitoral, ele disse que ao citar o caso não estaria fazendo um prejulgamento e que Sarney até pode ter uma explicação adequada para o fato. De todo modo, disse que Sarney terá mais uma vez que oferecer explicações ou silenciar, quando a função de presidente é "presidir".
- Cada vez eu vejo que se fecha o cerco - ressaltou, também dizendo que o Senado precisa defender sua autonomia frente ao Executivo.
Arthur Virgílio negou que tenha algo pessoal contra o presidente Sarney. Salientou que deixou claro, por ocasião da eleição para a presidência da Casa, que ele e seu partido apoiariam o senador Tião Viana (PT-AC), então adversário de Sarney, por entender que o senador petista representava a defesa de um projeto de mudança que mais convinha ao Senado. Disse ainda que, caso Tião Viana tivesse sido vitorioso, algumas mudanças teriam acontecido, inclusive com a saída de alguns dos então diretores. Porém, admitiu que transformações mais radicais podem vir a acontecer agora, em decorrência das denúncias surgidas após a vitória de "quem queria a conservação".
- A mudança profunda, por incrível que pareça, vai vir da mudança de todos nós que cometemos pequenos pecados, pequenos deslizes.
Requerimentos
Ao iniciar seu discurso, Arthur Virgílio (PSDB-AM) aproveitou para listar os requerimentos que apresentou à Mesa, nos últimos dias, ainda não atendidos, com pedidos de informações sobre os servidores da Casa e outras medidas. Uma das proposições requer a lista de servidores cedidos ou requisitados de outros órgãos, além da lotação dos servidores efetivos, comissionados e terceirizados - em relação a esses, o senador quer saber ainda os números de CPF, empresa contratante, se há parentesco com servidor da Casa, salário, local de trabalho e período de expediente.
Outro requerimento trata da lista de funcionários, efetivos e comissionados, que fizeram cursos no exterior desde 1995, incluindo os cursos feitos e todas as vantagens concedidas. Há ainda uma solicitação de informações sobre os servidores contratados para atuar no Interlegis, um dos órgãos da Casa, por meio de convênio com o PNUD, órgão das Nações Unidas. Por fim, um pedido para que, no relatório da sindicância aberta para investigar o ex-diretor Agaciel Maia, seja incluído pedido à Advogacia-Geral da União para quebra do sigilo bancário desse servidor, atualmente licenciado.
Na presidência dos trabalhos, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que nenhum pedido de informação feito por senador pode ficar sem resposta. Arthur Virgílio disse que reagirá com firmeza, caso não seja atendido.
Pólo de motocicletas
Ele também a anunciou que voltará à tribuna para abordar o pólo de produção de motocicletas do Amazonas. Salientou que é necessário acabar com o estigma de que o pólo industrial de Manaus só faz montagem. A empresa Honda, por exemplo, agregaria em sua produção mais de 90% valor nacional e mais de 60% de valor local.
Da Redação / Agência Senado
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