terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quem é o chefe?

O balanço da campanha eleitoral de José Serra tem uma unanimidade: foi muito paulista, decidida monocraticamente por um marqueteiro que é craque na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, Luiz Gonzáles, mas não conseguiu reverter o sentimento antipaulista do Norte e Nordeste e de Minas.

De onde vem este sentimento. De longe, muito longe. Das crueldades de Domingo Jorge Velho, das idéias centralizadoras do santista José Bonifácio na Independência, da repressão à oposição no período regencial, da Campanha Civilista, da Revolução de 1930 e por aí vai. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que é carioca e conhece de trás pra frente os grandes interpretes do Brasil - Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Oliveira Vianna, Sérgio Buarque de Holanda, Joaquim Nabuco -, soube lidar com o problema até certo ponto de seu governo. Pernambucano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explora esses sentimentos desde as caravanas da cidadania. Influenciada por Caio Prado Júnior, falta à elite tucana uma dimensão menos economicista e mais humana do país. E o reconhecimento de que a política nacional entrou em novo ciclo. Também falta alguém que a desafie no PSDB. Como o fez o jagunço Riobaldo, de faca em punho, naquela passagem de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, na qual encara os demais jagunço e assume a liderança do bando com uma interpelação: ´Quem é o chefe?`. Hoje, o grande problema do PSDB é não ter um candidato a presidente da República em 2014 desde já reconhecido pelos demais. DP,16/11/10.

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