segunda-feira, 25 de julho de 2011

PR, um partido na berlinda

CAROL BRITO

Nascido em 2006 com a fusão entre o nacionalismo do Prona e o liberalismo social do PL, o Partido da República (PR) é hoje uma das agremiações mais fortes da base de sustentação do Governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Após o falecimento dos fundadores das antigas legendas - os deputados federais Álvaro Vale (PL) e Eneas Carneiro (PRONA) -, a liderança da sigla, a partir de 2002, ficou nas mãos do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) - atual secretário-geral do partido, mas, como ele mesmo diz, com “poderes de presidente”. Sob a batuta do parlamentar, a legenda alcançou um crescimento vertiginoso, mas também o envolvimento em grandes escândalos com esquemas de corrupção nacional que abalaram a imagem do partido. Hoje, o PR encontra-se na berlinda.
A construção desse quadro teve como marco inicial a aliança com o PT que consiguiu eleger em 2002 a chapa formada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente José Alencar (do então PL). A união teve como seus condutores Valdemar e o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Foi a partir dessa época que teve início o período de vacas gordas da legenda. Antes de chegar ao Executivo, o antigo PL possuía cinco deputados federais e nenhum senador. Hoje, sob a alcunha republicana, é a quinta maior bancada da Câmara Federal, com 41 parlamentares, sete senadores e 53 deputados estaduais.

O surgimento do novo nome e a fusão para formar o PR estão intimamente ligados com o estouro do mensalão. Na época, três nomes dos liberais figuraram na Imprensa: o então presidente Valdemar Costa Neto, o ex-deputado Bispo Rodrigues e o ex-tesoureiro do partido, Jacinto Lamas. Eles foram acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Para dar uma nova imagem à sigla diante os escândalos, a solução foi se dividir. A parte ligada aos movimentos evangélicos formou o PRB e outra se fundiu com Prona para formar o PR.

Ao invés de perder força, o novo partido resistiu na base do Governo e emergiu ainda mais forte nas eleições seguintes. Sob as asas do apoio e popularidade do Governo Federal, a legenda adotou como estratégia a realização de pesquisas com o intuito de atrair puxadores de votos para ampliar a bancada da sigla. Em paralelo, o espaço no primeiro escalão federal também estava garantido. Desde 2004, a sigla manteve o Ministério dos Transportes sob o comando do senador amazonense Alfredo Nascimento.

Entretanto, este ano, o partido se viu novamente no centro de escândalos. Dessa vez, sob a suspeita de um esquema de superfaturamento de obras e pagamento de propina no único ministério comandado pelos republicanos. O resultado foi a queda do ministro Alfredo Nascimento e mais 15 auxiliares da pasta, por ordem da presidente Dilma Rousseff (PT).

Fora isso, o parecer do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, trouxe à tona novamente o caso do mensalão, ao recomendar a condenação de 36 réus envolvidos no caso, incluíndo os três do extinto PL. Os fatos negativos ocorrem num ano pré-eleitoral, quando o PR está se preparando para lançar candidaturas em vários municípios brasileiros.

Com este cenário de desgastes, resta saber como o partido irá administrar os desdobramentos dos casos e o tensionamento na base do Governo gerados por eles.

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