quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Há 100 anos nascia Eraldo Gueiros Leite

Ayrton Maciel
Obra com muitas paternidades, o Complexo Industrial e Portuário de Suape tem, porém, o DNA de um ex-governador de Pernambuco que, se vivo fosse, estaria completando, hoje, seu centenário de nascimento. Terceiro no comando do Estado após o golpe militar de 1964, Eraldo Gueiros Leite (governador de 1971 a 1975) foi o idealizador do complexo econômico que hoje capitaneia a nova economia de Pernambuco. O primeiro passo foi dado em 30 de abril de 1974, quando o governador descerrou a placa da pedra fundamental do porto de Suape. Como um visionário, uma frase de trecho do discurso traduz a crença de Eraldo Gueiros naquele empreendimento para o futuro do Estado: “Aqui se desenrolarão novas lutas, com outros objetivos, totalmente apoiados nos ambientes das futuras fábricas, com pranchetas e máquinas nos navios que atracarão trazendo desenvolvimento”. Eraldo Gueiros faleceu 5 de março de 1983, vítima de complicações respiratórias decorrentes de uma pneumonia.
Indicado pelo general-presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), com o nome passando pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, o procurador militar de carreira Eraldo Gueiros assumiu o governo no período mais duro da repressão política, rotulado como os “anos de chumbo” do regime de 64. Com o nome homologado pela Arena, o partido de sustentação do regime militar, em convenção de agosto de 1970, foi eleito pela Assembleia no mês de outubro e empossado em março de 1971, deixando o cargo de ministro do Supremo Tribunal Militar (STM). A vertente visionária e a vocação empreendedora pôde ser logo demonstrada ao orientar as ações administrativas de seu governo pelo Programa de Ação Coordenada, elaborado pelo órgão de planejamento do Estado, o Conselho de Desenvolvimento Econômico (Condepe). Suape é a maior das heranças da sua gestão.
Ao governo Eraldo Gueiros são creditados, também, a iniciação do Sistema de Abastecimento de Tapacurá, a Fundação de Saúde Amaury de Medeiros (Fusam), para executar o plano estadual de Saúde, o fechamento da Casa de Detenção do Recife – transformada em Casa da Cultura –, a criação de penitenciárias agrícolas (com as de Itamaracá) e investimentos em eletrificação e comunicações no interior. Submetida a guetos políticos, reestruturou a Polícia Civil, criando o cargo de delegado de carreira, para tentar eliminar a interferência predadora.
CONCILIADOR
Como político, nunca teve cargo legislativo, mas foi considerado um governante conciliador e pacificador. “Ele condicionou sua aceitação ao governo à reabertura da Assembleia, que estava fechada. Não quis governar sem o Legislativo, e foi eleito por unanimidade. Era de diálogo fácil, sabia ouvir, embora não abrisse mão de suas convicções. Fez um governo de coalização com udenistas e pedessistas (UDN e PSD, partidos extintos pelo regime). Não era um perseguidor. Não quis continuar na vida política porque não era um vocacionado para atividade”, detalha o ex-deputado estadual, ex-desembargador do TJPE e genro, Fausto Freitas.
O Complexo Industrial Portuário de Suape tem, hoje, o nome Eraldo Gueiros por decisão da Assembleia Legislativa. Sem Suape, não haveria a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul, a Petroquímica Suape. O cenário de uma visão futurista está retratado no trecho do discurso escrito em placa: “Suape não será apenas um porto. Suape vem de ontem, quando Dom João VI abriu as portas do Brasil às nações amigas. Suape é hoje nossa opção pelos caminhos do mar e será o nosso amanhã. Daí porque não interessa a Pernambuco quem o veja só pelo instante presente ou só pelo instante a chegar. O tempo, a quem todos deve interessar, é o tempo social e histórico. Aqui se desenrolarão novas lutas, com outros objetivos, totalmente apoiados nos ambientes das futuras fábricas, com pranchetas e máquinas nos navios que atracarão trazendo desenvolvimento. É Pernambuco que afirma sua vocação histórica, da dimensão do futuro às conquistas do passado. Suape é isso.”

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