sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Talvane Albuquerque pega 103 anos de prisão pela morte da deputada federal Ceci Cunha

Agência O Globo

MACEIÓ – Após três dias de julgamento, o ex-deputado Talvane Albuquerque foi condenado a 103 anos e quatro meses de prisão pela morte da deputada federal Ceci Cunha e de mais três parentes dela, há 13 anos. Então suplente de Ceci, Talvane foi acusado de tramar o assassinato da deputada para assumir sua vaga na Câmara dos Deputados. Os crimes foram cometidos por quatro assessores de Talvane, também condenados ontem. Os advogados de defesa já anunciaram que vão recorrer contra a sentença.
A Chacina da Gruta ocorreu em 16 de dezembro de 1998, logo após Ceci ter sido diplomada pelo PSDB para seu segundo mandato. Além de Ceci, foram assassinados o marido dela, Juvenal Cunha, o cunhado dela, Iran Maranhão, e a mãe dele, Ítala Maranhão.
Após o julgamento, o médico Talvane Albuquerque deixou o prédio da Justiça Federal, em Maceió, a dois quilômetros do palco da chacina, escoltado pela Polícia Federal. Ele foi apontado como co-autor do crime e condenado por homicídio qualificado, sem possibilidade de defesa das vítimas, “para garantir o mandato de deputado federal”. Ele terá ainda de pagar mais R$ 100 mil de indenização aos filhos de Ceci.
A Justiça condenou os assessores Jadielson Barbosa da Silva (105 anos), Alécio César Alves (87,3 anos), Mendonça Medeiros (75,7 anos) e José Alexandre dos Santos (105 anos) por homicídio qualificado, sem chance de defesa das vítimas e por motivo torpe. Assim como Talvane, eles tiveram prisão preventiva decretada, por recomendação do Ministério Público Federal.
O filho de Ceci, Rodrigo Cunha, chorou ao fim do julgamento, que foi acompanhado pelo Conselho Nacional de Justiça, representantes da bancada federal no Congresso Nacional e amigos. “Não queríamos vingança, e sim Justiça. Agradeço a toda a imprensa por este resultado porque foram anos de espera”, afirmou Rodrigo.
O filho de Talvane também chorou e foi consolado pelo pai. A família do médico deixou o prédio da Justiça Federal em silêncio. “Isso é um recomeço, não há motivo para desespero. O momento é de calma e de confiança em Deus. Não fiz nada, vou me arrepender de quê?”, disse Talvane.
A defesa do suplente de Ceci vai recorrer do pedido de prisão e do resultado da sentença. Os advogados insistem que os réus, com exceção de Talvane, foram torturados pelas polícias Civil e Federal para confessarem os crimes, que não teriam sido cometidos por eles.
Depois do julgamento, Talvane e os quatro assessores foram levados para o Instituto Médico Legal, onde fizeram exames de corpo de delito, e, em seguida, para a sede da Polícia Federal. Todos foram escoltados sem algemas. Por ter curso superior, Talvane vai ficar em uma cela especial.
“O caso Ceci Cunha dá o exemplo do que deve ser feito pela Justiça e do que também não deve ser feito. Abre espaço para aprofundarmos a discussão em relação à demora de processos e da conclusão dos inquéritos. O Brasil inteiro faz uma reflexão sobre Justiça e impunidade, além de avaliar a conduta de cada instituição”, disse o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB).

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