segunda-feira, 26 de maio de 2014

Alianças partidárias estão na raiz da corrupção



 Josias de Souza
* Como ocorre às vésperas de toda eleição, o espírito de bazar baixou na política brasileira. Os partidos negociam seu tempo de propaganda no rádio e na tevê à luz do dia, na frente das crianças. Barganha-se de tudo, com exceção da mãe, que não tem valor de mercado. Há cenas constrangedoras, como a que aparece na foto acima. Um encontro de Dilma Rousseff com Fernando Collor. Um rindo para o outro, em comunhão fraternal de interesses.
* Com isso, o país vive sob uma eterna crise de compostura. As ruas são incapazes de enxergar ética nos políticos. E os políticos são incapazes de demonstrá-la.
* Dilma tem a aparência de uma mulher decente. Não apenas no sentido de honesta, mas em todos os sentidos que a palavra engloba. Pelo que se sabe dela, e até pelo seu jeitão, híspido como um cacto, a presidente tem uma boa cara. Mas não há semblante austero que resista à confraternização com personagens como Collor – escorraçado da Presidência em 1992, nas pegadas de uma CPI que teve o ex-PT no papel de torquemada.
ELA NÃO ESTÁ SÓ
* Dilma não está só nesse esforço para desmoralizar a política. Aécio Neves inclui em sua coligação o Solidariedade do deputado Paulo Pereira da Silva. Conhecido como Paulinho da Força Sindical, o personagem não tem propriamente uma boa biografia.
* Eduardo Campos faz pose de representante da “nova política”. Mas governou Pernambuco a bordo de uma aliança em que coube de tudo – do PP de Severino Cavalcanti ao PR de Inocêncio Oliveira. Deve-se a higienização do seu discurso a exigências de Marina Silva. Antes da adesão da criadora da Rede, Campos negociava alianças com o mensaleiro preso Roberto Jefferson (PTB) e com o ex-ministro Carlos Lupi (PDT), afastado da pasta do Trabalho sob suspeita de corrupção.
* Enquanto forem tratadas como normais, as alianças partidárias esdrúxulas continuarão fazendo do Brasil essa democracia em que a corrupção deixou de ser rotina para virar uma emergência. Perdeu-se no caminho algo essencial: o recato. Daí a sucessão de escândalos, um engolfando o outro. Para que a coisa se resolva, algo de muito anormal precisa suceder no Brasil.

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