quinta-feira, 15 de setembro de 2016

"Provem minha corrupção e irei a pé ser preso", diz Lula


Do UOL
Um dia após ser denunciado pela Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira (15) que "construíram uma mentira como um enredo de novela". O petista disse ainda que anda de "cabeça erguida" e que iria a pé para a prisão se alguém provar que ele é corrupto.
"Conquistei o direito de andar de cabeça erguida neste país. Provem uma corrupção minha, que eu irei a pé para ser preso", disse Lula emocionado durante pronunciamento que durou mais de uma hora no auditório de um hotel na área central de São Paulo.
O ex-presidente criticou a entrevista coletiva dada ontem pela força-tarefa da Lava Jato. Na ocasião, o procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que Lula é o "comandante máximo do esquema de corrupção" investigado pela operação.
"Eles construíram uma mentira, construíram uma inverdade, como se fosse um enredo de uma novela e está chegando o fim do prazo. Afinal de contas, já cassaram o [ex-deputado federal Eduardo] Cunha, já elegeram o [Michel] Temer pela via indireta, com o golpe, já cassaram a [ex-presidente] Dilma [Rousseff]. Agora, precisa concluir a novela. Quem é o bandido e quem é o mocinho? Vamos agora dar o fecho, acabar com a vida política do Lula", afirmou.
Procuradas pelo UOL, as assessorias de imprensa do Ministério Público Federal (MPF) e da Justiça Federal do Paraná disseram que não comentariam as declarações de Lula.
O ex-presidente foi denunciado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso que envolve um tríplex em Guarujá, no litoral de São Paulo.
A ação chegou hoje às mãos do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. Ele tem até a próxima segunda-feira (19) para decidir se aceita ou não a denúncia. Caso aceite, Lula se tornará réu pela segunda vez na Lava Jato.
Também foram denunciados ontem pelo MPF: a ex-primeira dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empresário da empreiteira OAS José Aldemário Filho e outras quatro pessoas.
Críticas a Lava Jato
Lula fez um pronunciamento rodeado de líderes de movimentos sociais, centrais sindicais, além de parlamentares, políticos e aliados. Sua mulher, Marisa Letícia, não participou do evento.
Ele começou sua fala com críticas à entrevista coletiva dada ontem pela força-tarefa da Lava Jato.
"Eu não vou fazer um show de pirotecnia, como fizeram ontem; não vou me comportar como ex-presidente da República; não quero me comportar como um cara perseguido, como se estivesse reivindicando algum favor", disse.
"Minha declaração é de um cidadão indignado com as coisas que aconteceram e que estão acontecendo. Neste país, tem pouca gente com a vida mais pública, mais fiscalizada do que a minha", afirmou.
Lula relembrou a sua trajetória política desde a época que era líder sindical até sua eleição e reeleição como presidente. Ele falou também sobre a história do PT e declarou que tem orgulho de ter criado "o mais importante partido de esquerda da América Latina".
Lula voltou a negar ser dono do tríplex em Guarujá e do sítio em Atibaia (SP). Segundo as investigações, os dois imóveis foram reformados por empreiteiras investigadas pela operação, com dinheiro desviado da Petrobras.
"Eu tenho a consciência tranquila [em relação às denúncias]. Mantenho o bom humor porque eu me conheço, sei de onde eu vim, sei para onde vou. Sei quem me ajudou a chegar onde cheguei. Sei quem quer que eu saia e quem quer que eu volte", falou.
Lágrimas e brincadeiras
O ex-presidente chorou em alguns momentos ao longo de seu pronunciamento. Um deles foi quando comentou sobre a denúncia feita pelo MPF. "Ontem, fui vítima. Foi um momento de indignação. Eu nunca pensei passar por isso". "Eu estava em Brasília e até pensei em ir para a China para me esconder", brincou em seguida.
Lula se emocionou também ao falar sobre as buscas que a Polícia Federal fez em sua casa, nas residências de seus filhos e na sede do Instituto Lula em março deste ano, durante a 24ª fase da Lava Jato. Na ocasião, Lula foi alvo de um mandato de condução coercitiva (quando a pessoas é levada para prestar depoimento).
Lula chorou ainda ao mencionar o nome de sua mulher, que também foi denunciada pelo MPF. “Querem me investigar, investiguem. Eu só quero que sejam verdadeiros comigo, que sejam honestos comigo, que respeitem dona Marisa”, concluiu.

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