domingo, 14 de março de 2010

Dança dos números no mapa eleitoral

Nesta pré-campanha, vez por outra ouve-se que o Nordeste é o grande desafio a ser enfrentado pelos tucanos na disputa pela Presidência da República. Isso porque a região é considerada essencialmente lulista. Do mesmo modo, o Sudeste, apontado como território do PSDB, seria um entrave nos planos do PT de eleger a ministra Dilma Rousseff sucessora do presidente Lula. A tese é "inspirada" no fato de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, ser governado por José Serra, pré-candidato da oposição ao Palácio do Planalto. Mas até que ponto os votos das duas áreas podem ser decisivos para o resultado da eleição? Lula é tão poderoso assim na região onde nasceu? Serra tem o Sudeste nas mãos? Os números das últimas eleições são reveladores. Levantamento feito pelo Diario conclui que o peso eleitoral do presidente é incontestável nos nove estados nordestinos. E, para desassossego da oposição, revela que no Sudeste também.

A reportagem destrinchou dados arquivados no sitedo Tribunal Superior Eleitoral referentes aos três últimos pleitos presidenciais: o de 1998, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi releito em 1º turno para o segundo mandato, e os de 2002 e 2006, vencidos por Lula, sempre no 2º turno. A sequência de votações mostra que houve uma troca de posições entre PSDB e PT, partidos que há 16 anos se revezam no Executivo federal. Em 1998, os tucanos venceram com 47,55% dos votos válidos do Nordeste e 55,34% do Sudeste. Lula, que na época enfrentava a terceira eleição, foi o segundo colocado. Recebeu 30,70% dos votos na primeira região e 31,19%, na segunda (veja quadro).

Em 2002, o mesmo José Serra que agora enfrentará Dilma foi o candidato tucano. Recém-saído do Ministério da Saúde, foi derrotado por Lula na sua quarta tentativa de alcançar a Presidência. No 1º turno, o placar pró-Lula foi 45,83% a 19,77% no Nordeste e 46,46% a 22,69%, no Sudeste. No embate do 2º turno, o petista recebeu 61,52% dos votos nordestinos e 63 % dos votos dos eleitores deSão Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Serra ficou, respectivamente, com 38,39% e 36,98%.

Veio 2006 e, contrariando todas as previsões, Lula não sagrou-se vitorioso já no 1º turno. Concorreu com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, também do PSDB. Na primeira etapa da eleição, o petista deu um banho no tucano no Nordeste. Ficou com 65,68% contra 26,14%. No Sudeste, Alckmin chegou a 45,21% e Lula atingiu 43,28%. Mas, na fase derradeira do processo eleitoral, o presidente ampliou a diferença no Nordeste (77,12% contra 22,61%) e reverteu o quadro em terras sudestinas. Abocanhou 56,87% dos votos válidos, enquanto Alckmin atingiu 43,12%.

Diante dos números, a máxima repetida por analistas de cenários, pelos próprios políticos e absorvida pela imprensa, precisa ser atualizada. Claro que Lula não é mais candidato, mas Serra disputará com uma adversária que se ampara no patrimônio eleitoral do presidente. Assim sendo, pesarão a capacidade de Lula transferir votos para a petista e o fôlego do tucano para reverter uma situaçao tão favorável ao governo. DP,14/03/10

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